Mestrado de Inovação em Saúde – Primeiras impressões

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Introdução

Se você acompanha as redes sociais da Ato já sabe que iniciei o Mestrado de Inovação em Saúde. As novidades e aprendizados foram tantos, que compartilharei, mês a mês, alguns dos assuntos abordados e quando tiver novidades em relação ao projeto.

O mundo acadêmico é desafiador, mesmo tendo passado por uma especialização e estar quase concluindo a segunda, a Pós-Graduação strictu sensu segue outro caminho. Inclusive, você sabe a diferença entre pós-graduação lato sensu e strictu sensu?

De acordo com Ministério da Educação, as pós-graduações lato sensu compreendem programas de especialização e incluem os cursos designados como MBA (Master Business Administration). Com duração mínima de 360 horas, ao final do curso o aluno obterá certificado e não diploma. Ademais são abertos a candidatos diplomados em cursos superiores e que atendam às exigências das instituições de ensino – Art. 44, III, Lei nº 9.394/1996. As pós-graduações stricto sensu compreendem programas de mestrado e doutorado abertos a candidatos diplomados em cursos superiores de graduação e que atendam às exigências das instituições de ensino e ao edital de seleção dos alunos (Art. 44, III, Lei nº 9.394/1996). Ao final do curso o aluno obterá diploma.

Explicado isso, vamos seguir. A instituição a qual me inscrevi para concorrer uma vaga no Mestrado Profissional de Inovação em Saúde é a FACISB – Faculdade de Ciências da Saúde de Barretos Dr. Paulo Prata. A pós-graduação de caráter profissional visa possibilitar ao pós-graduando condições para o desenvolvimento de estudos que demonstrem o domínio dos instrumentos conceituais, técnicos e metodológicos essenciais na sua área, qualificando-o como formador de formadores por meio de trabalhos nas diversas áreas do conhecimento, através do estudo de investigação, técnicas, processos ou temáticas, com o objetivo de atender a alguma demanda do mercado de trabalho.

A intenção é despertar em nós, alunos, um tipo especial de interesse pela pesquisa e desenvolvimento de produtos, ao ponto que possamos incluí-lo naturalmente em nosso cotidiano profissional, como um elo de uma íntima relação entre as diferentes etapas de um processo de aquisição constante de conhecimento e aplicação na prática diária.

Desenvolvimento

Os dias 27 e 28/01/2023 deram o start nessa nova jornada de estudo, conhecimento e muito trabalho. Na sexta-feira, dia 27/01, a noite foi para apresentação da Turma 8, conhecer os projetos dos demais colegas e participar do seminário de uma das pós-graduandas de turmas anteriores. Assistimos há apresentação do seu projeto e pudemos contribuir com perguntas, comentários, sugestões ou críticas. Pois é, críticas! Inclusive, é preciso lidar bem com elas pois podemos (e seremos) questionados a qualquer momento e até refutados.

No sábado, 28, o dia inteiro foi dedicado à disciplina: Tecnologias da Revolução 4.0 e suas Aplicações em Saúde, com o Doutor Vidal Augusto Zapparoli Castro Melo. Foram três as bibliografias prévias para estudo, A.E.: Applied Cyber-Physical Systems (veja bibliografia completa ao final do artigo), um artigo de 2014 que fala aborda a aplicação cibernética e sistemas físicos. Os sistemas ciber-físicos integram sistemas informáticos com os componentes físicos. O pioneiro em sistemas ciberfísicos foi Konrad Ernst Otto Zuse, um engenheiro, inventor e empresário alemão e um pioneiro dos computadores. Sua maior conquista foi o primeiro computador programável do mundo; o Z3 controlado por programa funcional tornou-se operacional em maio de 1941.

O livro A Quarta Revolução Industrial, de 2016, que elucidou os períodos em que ocorreram cada revolução industrial e explicou que existem 3 categorias que estão profundamente inter-relacionadas, são elas:

Na área da saúde, as inovações são de tirar o fôlego, elas contribuirão para uma medicina de precisão. Você sabe como a edição genética (processo de excluir ou alterar um gene de uma célula) revolucionará a pesquisa e o tratamento médico? Pois é, vou deixar o questionamento e a reflexão aqui. A terceira e última literatura recomendada para estudo foi o livro Automação e Sociedade: Quarta Revolução Industrial, Um olhar para o Brasil, de 2018. Este livro foi o que mais me instigou, um universo inteiro se abriu em minha mente.

Mas afinal, o que é a Quarta Revolução Industrial?

A Quarta Revolução Industrial é uma era de transformações digitais intensas e profundas, que está sendo caracterizada pela combinação de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, internet das coisas, robótica e biotecnologia. É a continuação da terceira revolução industrial, iniciada na década de 1950 com a introdução de computadores e tecnologias de informação e comunicação, e está mudando profundamente a maneira como as pessoas vivem, trabalham e se relacionam.

A data exata de início da Quarta Revolução Industrial não é consensual, mas é geralmente aceito que tenha começado por volta da década de 2010, com a popularização da internet e o aumento do uso de tecnologias avançadas, como inteligência artificial e internet das coisas. Desde então, essas tecnologias têm evoluído rapidamente e estão transformando a sociedade de várias maneiras.

Saúde 4.0?

Eu nunca tinha ouvido falar antes dessa aula. O termo Saúde 4.0 significa o processo de transformação dos agentes do setor de saúde, por meio da convergência das tecnologias emergentes dos mundos físico, biológico e digital, associados à Quarta Revolução Industrial para transformar a forma como a saúde é prestada e gerenciada. Isso pode incluir a utilização de sensores para monitorar a saúde dos pacientes, sistemas de informação para gerenciar e compartilhar dados de saúde e soluções baseadas em inteligência artificial para auxiliar no diagnóstico e tratamento de doenças. O objetivo é melhorar a qualidade e eficiência dos cuidados de saúde, além de ajudar a garantir acesso equitativo a serviços de saúde de alta qualidade para todos.

Estamos muito avançados no que se refere à saúde e tecnologia. Você sabia que já estão sendo utilizadas cadeiras de rodas impressas em impressora 3D? A impressora 3D é uma tecnologia de produção que permite a fabricação de objetos tridimensionais a partir de um modelo digital. Elas funcionam adicionando camadas sucessivas de material, geralmente plástico, metal ou resina, até que o objeto seja formado. A impressora 3D é usada em vários setores, incluindo manufatura, medicina, arquitetura e design. Ela permite a produção de protótipos e peças de forma mais rápida e eficiente do que métodos convencionais, e oferece mais flexibilidade para criar formas complexas e personalizadas. Além disso, a impressora 3D pode ser usada para produzir próteses, órteses e outros equipamentos médicos, o que a torna uma tecnologia importante para a Saúde 4.0.

Você acha que será possível imprimir órgãos na impressora 3D?

A resposta é sim! A impressão de coração em 3D, por exemplo, é uma tecnologia emergente na medicina que permite a criação de modelos tridimensionais do coração a partir de imagens de escaneamento, como ressonância magnética ou tomografia. Esses modelos podem ser usados para ajudar no planejamento de cirurgias, no ensino de anatomia e na compreensão de doenças cardíacas. Além disso, a impressão de coração em 3D pode ser usada para produzir peças de substituição para o coração, como válvulas cardíacas, que podem ser personalizadas para se adequar ao tamanho e forma exatos de cada paciente. A tecnologia ainda está em fase inicial de desenvolvimento, mas há muito potencial para transformar a forma como a medicina aborda o tratamento de doenças cardíacas no futuro.

Parece surreal, não é mesmo? Entenda neste rápido vídeo:

Conclusão e reflexões

A Quarta Revolução Industrial e a Saúde 4.0 são uma realidade que eu desconhecia. É uma era de transformações digitais intensas e profundas, que está sendo caracterizada pela combinação de tecnologias avançadas, como inteligência artificial, internet das coisas, robótica e biotecnologia.  Aqui no Brasil já existem avanços significativos, entretanto é preciso melhorar, considerando que o Brasil conta com um dos maiores sistemas de saúde pública do país, onde 64,3% das UBSs ainda não utilizam nem Prontuário eletrônico, por exemplo.

De acordo com Paulin, a Saúde 4.0 poderá trilhar 3 caminhos possíveis no futuro:

  1. Estabilização
  2. Progresso em forma de colcha de retalhos (patchwork progress)
  3. Mudança de paradigma (considerado o ideal.)

Não podemos esquecer ainda, que, pensando no Brasil, será necessário gerir impactos negativos relacionados à desigualdade social e econômica. Alguns desses impactos incluem:

  • Desemprego tecnológico: A automação e a inteligência artificial estão substituindo muitos trabalhos humanos, o que pode levar ao desemprego em massa e à perda de renda para muitas pessoas.
  • Desigualdade de acesso à tecnologia: A tecnologia avançada requer investimentos significativos e muitas vezes é fora do alcance de países em desenvolvimento e de grupos sociais mais vulneráveis. Isso pode ampliar ainda mais as desigualdades econômicas e sociais.
  • Proteção de dados: A coleta massiva de dados pode levar a uma invasão da privacidade e a um uso inadequado de informações pessoais, o que pode criar desigualdades na forma como as pessoas são tratadas pelo sistema econômico e político.
  • Desigualdade de habilidades: As habilidades digitais são cada vez mais importantes para participar da economia digital, mas muitas pessoas não possuem as habilidades necessárias para aproveitar as oportunidades criadas pela Quarta Revolução Industrial.

Por essas razões, é importante garantir que as políticas e iniciativas estejam em vigor para mitigar os impactos negativos da Quarta Revolução Industrial e promover a igualdade e o desenvolvimento justo para todos.


Referências:

http://portal.mec.gov.br/component/content/article?id=13072:qual-a-diferenca-entre-pos-graduacao-lato-sensu-e-stricto-sensu

https://facisb.edu.br/strictosensu/1

https://pt.wikipedia.org/wiki/Konrad_Zuse

https://www.youtube.com/watch?v=y8YFdwT8Cno

– SCHWAB,K. The fourth industrial revolution. First U.S. Edition ed. New York: Crown Business, 2016.

– Suh, S.C., Carbone, J.N., Eroglu, A.E.: Applied Cyber-Physical Systems. Springer, 2014.

– BRITTO, et al, Automação e Sociedade: Quarta Revolução Industrial, Um Olhar Para o Brasil. Braport, 2018.

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