A utilização de atores na simulação não é uma estratégia recente sobretudo nas atividades relacionadas com a comunicação e atitudes. Em 1960, o Professor Howard S. Barrows, percussor dessa técnica, simulou o primeiro paciente padronizado em uma aula de neurologia na qual havia a necessidade de apresentar uma paciente paraplégica com esclerose múltipla.
Com isso, uma forma diferenciada de aprender começou a impactar e envolver os estudantes. A Simulação Realística com a utilização dos atores (pacientes simulados) vem evoluindo de maneira exponencial e hoje está presente em muitas instituições de ensino.
Segundo o Dicionário de Simulação em Saúde, Paciente Simulado ou Paciente Padronizado são pessoas treinadas para reproduzir de forma fidedigna a apresentação clínica de um paciente; não apenas sua história, mas também a linguagem corporal, os achados físicos, as características emocionais e de personalidade. Vale ressaltar também que um outro termo vem sendo bastante utilizado: Pessoa ou Participante Simulado, já que este termo não se restringe apenas a paciente, contemplando também familiares, acompanhantes e outros profissionais (médicos, enfermeiros, etc.)
Mas então o que é a Metodologia Paciente Simulado?
É um termo “guarda-chuva” que contempla a Simulação Realística com a utilização do recurso paciente simulado (standart patient), profissionais treinados para a função. A Metodologia Paciente Simulado engloba todas as necessidades e particularidades da utilização dessa estratégia no ensino baseado em simulação.
Imagine um cenário onde estudantes de saúde, como por exemplo medicina e enfermagem, podem se envolver ativamente e experienciar situações clínicas muito próximas do real, sem colocar em risco a integridade física e psicológica de pacientes reais. Para que isso seja possível e verossímil, ou seja, o mais próximo com a realidade, muitos aspectos são necessários, como neste caso, a preparação e capacitação dos profissionais, em especial desses Pacientes Simulados, pois uma série de critérios precisam ser aplicados para que a vivência do aprendiz seja eficaz e que contemple os objetivos de aprendizagem propostos.
Essa é a essência da Metodologia Paciente Simulado. Ao criar cenários simulados, os docentes proporcionam aos estudantes a oportunidade de praticar suas habilidades clínicas, aprimorar sua tomada de decisão e desenvolver sua empatia em um ambiente seguro e controlado, podendo errar, repetir, aprender e aprimorar diversas habilidades e atitudes.
A experiência de participar de uma atividade simulada com o recurso do paciente simulado é envolvente, desafiadora e muitas vezes, impactante, pois os aprendizes são desafiados a lidar com diversas situações e condições clínicas, desde casos simples até emergências médicas mais complexas.
Essa abordagem permite que os alunos aprendam com seus erros e acertos. Eles podem refletir sobre suas ações, identificando áreas de melhoria e aperfeiçoamento de suas habilidades. Além disso, a interação com os pacientes simulados proporciona uma valiosa oportunidade de desenvolver também habilidades de comunicação e empatia, elementos essenciais para a prática clínica.
Como percebido, se bem estruturado e aplicado, cenários de simulação com a Metodologia Paciente Simulado podem oferecer muitas vantagens aos instrutores e professores, fazendo uma excelente ligação com outras metodologias e modelos de ensino, como aula tradicionais. Eles podem observar o desempenho dos alunos em tempo real, fornecer feedback imediato e direcionar o aprendizado de forma mais eficaz. A ideia dessa abordagem prática é permitir que os alunos sintam-se mais confiantes, seguros e preparados para enfrentar situações reais.
Com isso, a Metodologia Paciente Simulado é uma abordagem que veio para ficar pois é rica e proporciona uma infinidade de possibilidades no ensino baseado em simulação. É uma prática transformadora para os cursos de medicina, enfermagem e outros da área da saúde.
Referências:
- Scalabrini Neto, Augusto – Simulação Realística e habilidades na saúde/ Augusto Scalabrini Neto, Ariadne da Silva Fonseca, Carolina Felipe Soares Brandão. 1ed – Rio de Janeiro: Atheneu, 2017.
- Lioce, L. (Ed.), Lopreiato, J. (Founding Ed.), Downing, D., Chang, T.P., Robertson, J.M., Anderson, M., Diaz, D.A., Spain, A.E. (Assoc. Eds.), and the Terminology and Concepts Working Group. (2020). Healthcare Simulation Dictionary (2nd ed.). Rockville, MD: Agency for Healthcare Research and Quality; January 2020. AHRQ Publication No. 20-0019. DOI: https://doi.org/10.23970/simulationv2.
Primeira Publicação em 10 de junho de 2023. Atualizado em 18/05/2024.