No dia 17 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Segurança do Paciente. A data foi estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2019 e, neste ano, traz o tema “Melhorar o diagnóstico para a segurança do paciente”, com foco na importância de aprimorar os processos e implementar práticas que possam reduzir erros e melhorar a qualidade dos cuidados prestados. No Brasil, o Programa Nacional de Segurança do Paciente (PNSP) do Ministério da Saúde orienta a implementação de diretrizes que fortalecem a segurança em todas as instituições de saúde do país.
Esta data comemorativa traz à tona uma questão essencial para a saúde: como garantir que o cuidado oferecido aos pacientes seja seguro e livre de danos evitáveis e, nesse sentido, a simulação clínica tem se destacado como uma estratégia eficaz para promover a segurança do paciente. Ao proporcionar aos profissionais da saúde oportunidades de treinamento e aperfeiçoamento em um ambiente controlado e livre de riscos reais, a simulação clínica vem ganhando cada vez mais espaço e importância entre as estratégias para segurança do paciente.
A simulação clínica oferece aos estudantes uma maneira segura de praticar procedimentos e interações com pacientes e, com isso, permite que os futuros profissionais de saúde vivenciem erros e acertos em um ambiente simulado, sem colocar vidas em risco, o que contribui diretamente para a melhoria da qualidade dos cuidados prestados quando eles entrarem na prática clínica.
A partir do influente relatório *To err is human: building a Safer Health system* (Errar é humano: construindo um sistema de saúde mais seguro), lançado em 1999, pelo Instituto de Medicina dos Estados Unidos, muitos países começaram a abordar com maior seriedade os problemas relacionados aos erros médicos. Esse relatório foi o marco inicial da conscientização sobre a segurança do paciente no mundo. Na época, o estudo revelou que erros médicos causavam até 98 mil mortes por ano nos hospitais americanos, despertando uma urgência em discutir a seguridade da população.
De acordo com a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS), segurança do paciente envolve minimizar ao máximo os riscos de danos desnecessários associados ao cuidado de saúde. Para a OMS, esta agenda é uma prioridade global pois, além de afetar diretamente na saúde das pessoas, os eventos adversos custam aos sistemas de saúde cerca de US$ 42 bilhões anualmente, que poderia ser reduzido com práticas de segurança mais eficazes.
Nesse contexto, a simulação clínica se destaca como uma ferramenta importante para desenvolver competências práticas e comportamentais necessárias para a prestação de cuidados mais seguros.
Nos laboratórios de simulação, os estudantes e profissionais de saúde podem praticar e aperfeiçoar procedimentos, além de treinar habilidades de comunicação e eventos adversos com pacientes e suas famílias. Esse processo ajuda a criar uma cultura de segurança, que é um dos pilares fundamentais para reduzir incidentes. A cultura de segurança é moldada por valores, atitudes e comportamentos que promovem a adoção de práticas seguras dentro das instituições de saúde.
Na Alemanha, por exemplo, estratégias claras foram definidas para a integração da segurança do paciente nos currículos de formação dos profissionais de saúde. Isso demonstra a importância de apoiar o ensino dessa temática, desde o nível acadêmico até as práticas cotidianas nos hospitais. No entanto, em muitas partes do mundo, a formação para a segurança do paciente ainda não acompanha as necessidades do mercado de trabalho. Por isso, muitas instituições de saúde recorrem à simulação como método de atualização contínua de suas equipes, visando sempre a excelência no cuidado prestado.
Além de melhorar a proficiência técnica, a simulação também promove a compreensão da falibilidade humana, permitindo que os profissionais lidem melhor com os erros e suas consequências. Ao encorajar o relato de incidentes em vez de adotar uma cultura punitiva, as instituições podem detectar falhas no sistema e implementar medidas preventivas mais eficazes.
Em resumo, a simulação clínica tem se mostrado uma estratégia importante para a segurança do paciente, permitindo que os profissionais da saúde desenvolvam habilidades cruciais em um ambiente sem riscos reais. Ao treinar, errar e corrigir em cenários simulados, os profissionais chegam ao campo de trabalho melhor preparados para enfrentar os desafios da prática clínica, contribuindo para a redução de danos e para a promoção de uma cultura de segurança dentro dos serviços de saúde.
Referências:
– Associação Brasileira de Educação Médica Simulação em saúde para ensino e avaliação [livro eletrônico]: conceitos e práticas /Associação Brasileira de Educação Médica. — São Carlos, SP: Cubo Multimídia, 2021.
– Freire A. Diagnóstico seguro é tema do Dia Mundial da Segurança do Paciente em 2024 [Internet]. Ministério da Saúde; 2024 [setembro, 2024]. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2024/setembro/diagnostico-seguro-e-tema-do-dia-mundial-da-seguranca-do-paciente-em-2024
– 17/9 – Dia Mundial da Segurança do Paciente: “Segurança do paciente: uma prioridade global de saúde” [Internet]. BVS Ministério da Saúde; 2024 [setembro, 2024]. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/17-9-dia-mundial-da-seguranca-do-paciente-seguranca-do-paciente-uma-prioridade-global-de-saude/